POLÍTICA & BUSINESS
Penso que não é necessário gastar muitas palavras para mostrar o domínio do poder econômico na política, embora seja necessário denunciar essa situação, e refletir sobre ela.
Disse-me uma vez um respeitado intelectual da esquerda brasileira, o Brasil é um dos países do mundo onde mais claramente a política se transformou em negócio, sendo superado nesse quesito apenas pelo México. Fazer política, que deveria ser atividade voltada à busca da justiça social e do bem viver, virou sinônimo de ganhar dinheiro, de “se dar bem na vida”.
Exemplos não faltam. Parlamentar usar o mandato para favorecer grupos econômicos, como forma de retribuir as contribuições que recebeu durante a campanha, não é novidade; o administrador usar o cargo público para beneficiar amigos e parentes, também não é novidade, como mostra o caso da Assembléia Legislativa do Paraná. Cite-se ainda o mensalão, no legislativo federal e no Distrito Federal, e a venda de licenças ambientais, no governo do Paraná.
As campanhas eleitorais transformaram-se em comércio, onde uma multidão de eleitores, muitas vezes pobres, e sempre e viciados na prática, acabam trocando seu voto por algum benefício material. Quanto a esse aspecto a atual campanha seguirá a detestável tradição. Os dois candidatos a governador do Paraná mais ricos materiais dispõe de 69 milhões de reais para ir às compras. Certamente ambos terão ainda o tradicional caixa dois para os socorrer. Com essa fortuna não é difícil concluir que a eleição vai se transformar num verdadeiro leilão, onde a compra de votos será prática generalizada.
E não há poder estatal que consiga dar conta dessa situação. Aparentemente os candidatos ricos ignoram solenemente a legislação. Ontem mesmo, dia 06 de julho, um dia após o registro das candidaturas, o candidato do PSDB já usava material impresso, quando a lei exige que em qualquer material deve constar o CNPJ. A justiça ainda não havia liberado o número do CNPJ e com o uso do material foi ilegal. Resta à justiça eleitoral mostrar que está atenta aos abusos.
Uma das formas de impedir que o poder econômico decida as eleições é fazer uma reforma política que institua o financiamento público exclusivo das campanhas. Se não for assim, estas continuarão sendo apenas mais um momento de negócios.
Olá!
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